Chocolate, folares e fertilidade. Médico explica como excessos da Páscoa podem impactar planos de quem quer engravidar
- Ana Rita Rebelo
- 10 de abr.
- 2 min de leitura
Se constituir família está nos seus planos futuros, aproveite esta Páscoa com moderação, equilíbrio e, acima de tudo, sem sentimento de culpa.

"A alimentação tem um papel fundamental na saúde reprodutiva. O que comemos pode influenciar diretamente a qualidade dos óvulos e espermatozoides, impactando diretamente as hipóteses de conceção e de uma gravidez saudável." Quem o diz é Paulo Vasco, médico especialista em ginecologia e obstetrícia e sub-especialista em medicina de reprodução, citado num comunicado da Ava Clinic.
Segundo o médico, uma dieta equilibrada pode aumentar as probabilidades de gravidez natural e até melhorar os resultados de tratamentos de reprodução medicamente assistida. "A dieta mediterrânica, que privilegia vegetais, frutas, peixes, azeites e laticínios com baixo teor de gordura, está associada a maiores taxas de gravidez e ao nascimento de bebés saudáveis", explica. Por outro lado, uma alimentação rica em gorduras saturadas, açúcares e carnes processadas pode dificultar a gravidez e aumentar o risco de complicações na gestação.
Refere também que a qualidade do esperma é diretamente influenciada pela dieta. "Alimentos ricos em antioxidantes, ómega-3 e vitaminas como C e E podem melhorar a motilidade e a concentração dos espermatozoides", afirma. "Já o consumo excessivo de álcool, açúcares, carnes processadas e alimentos ricos em gorduras está associado a uma pior qualidade seminal e a uma menor taxa de fecundação."
Mas não é só o que comemos que importa. "O excesso de peso pode dificultar a ovulação e diminuir a qualidade dos óvulos. Já o baixo peso pode levar a alterações hormonais que afetam o ciclo menstrual", alerta Paulo Vasco. Nos homens, a obesidade pode ainda reduzir a testosterona e afetar a produção de espermatozoides saudáveis.
A boa notícia é que pequenos ajustes na alimentação podem fazer uma grande diferença. "Priorizar alimentos ricos em antioxidantes, como frutas e vegetais, incluir fontes de ómega-3, como salmão e sardinha ou outros peixes com maior teor em gordura, e garantir um bom aporte de grãos integrais, nozes e sementes, como a linhaça ou a chia, são passos simples que favorecem a fertilidade", sugere o especialista. Já carnes processadas, bebidas alcoólicas e açucaradas, gorduras insaturadas e açúcares são alguns dos alimentos a evitar.
Para casais que recorrem a tratamentos de reprodução medicamente assistida, a alimentação pode ter um papel fundamental no sucesso do processo. "Estudos demonstram que uma alimentação equilibrada pode melhorar as taxas de sucesso dos tratamentos, aumentando as taxas de gravidez clínica e de nados-vivos", diz o médico. A suplementação com ácido fólico, vitamina B12 e vitamina D é recomendada, pois contribui para um ambiente mais favorável à implantação do embrião e ao desenvolvimento saudável da gravidez.
Nesta Páscoa, o segredo está no equilíbrio. "Desfrutar das celebrações sem culpa é importante, mas manter um estilo de vida saudável ao longo do ano é essencial para quem quer engravidar. Ocasionalmente, um doce não compromete a fertilidade, mas um padrão alimentar desregulado pode fazer toda a diferença", remata.
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