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O vitiligo explicado por quem sabe: "Não é contagioso, não resulta de falta de higiene nem de maus hábitos"

  • Foto do escritor: Ana Rita Rebelo
    Ana Rita Rebelo
  • 25 de jun.
  • 4 min de leitura

A propósito do Dia Mundial do Vitiligo, que se assinala esta quarta-feira, dia 25 de junho, falámos com a dermatologista Rosa Garcia, do Trofa Saúde Braga Centro, Braga Norte e Braga Sul. A especialista desfaz mitos, explica os avanços no tratamento da doença e lembra que esta condição é muito mais comum do que muitos julgam.



O vitiligo caracteriza-se por manchas que surgem sem aviso, mas o seu impacto vai muito para além da pele. "O impacto psicológico pode ser significativo, sobretudo quando as lesões estão em zonas visíveis. O vitiligo pode afetar a autoestima, provocar ansiedade, isolamento social e até depressão", alerta a dermatologista Rosa Garcia, do Trofa Saúde Braga Centro, Braga Norte e Braga Sul, em entrevista à hAll, a propósito do Dia Mundial do Vitiligo.


A especialista é perentória: "O acompanhamento psicológico é tão importante quanto o tratamento dermatológico".


Para quem nunca ouviu falar desta doença, o que é exatamente o vitiligo?


O vitiligo é uma doença de pele caracterizada pela perda de pigmentação em determinadas áreas do corpo. Esta perda resulta na formação de manchas brancas que podem variar em tamanho e localização. Existem diferentes tipos de vitiligo, consoante a extensão da pele afetada.


O que acontece para que surjam as manchas?


O vitiligo ocorre quando os melanócitos, células responsáveis pela produção de melanina (o pigmento que dá cor à pele), deixam de funcionar ou morrem. Sem melanina, a pele perde a sua coloração natural, originando as manchas esbranquiçadas típicas da doença.


Que zonas do corpo são mais afetadas?


As áreas mais frequentemente afetadas incluem o rosto, mãos, braços, pés, cotovelos, joelhos e regiões genitais. Zonas de fricção ou traumatismo também tendem a manifestar a doença com maior intensidade.


Embora não seja diretamente hereditário, existe um componente genético.

Há relação com o stress?


O stress físico e emocional está associado à progressão ou aparecimento de novas lesões, embora não seja a causa direta da doença.


É uma doença autoimune? Que outros fatores podem estar na sua origem?


Sim, o vitiligo é classificado como uma doença autoimune, em que o sistema imunitário ataca por engano os melanócitos. No entanto, fatores genéticos e ambientais também desempenham um papel. Pode coexistir com outras doenças autoimunes, como a tiroidite de Hashimoto.


É contagiosa?


O vitiligo não é contagioso. Não se transmite por contacto, partilha de objetos ou proximidade.


E hereditária?


Embora não seja diretamente hereditário, existe um componente genético, ou seja, a predisposição pode ser transmitida. Contudo, nem todas as pessoas com familiares afetados desenvolvem a doença.


Como é feito o diagnóstico?


O diagnóstico é essencialmente clínico, baseado na observação das manchas e na sua distribuição. Em alguns casos, pode ser necessária uma biópsia da pele ou análises para despiste de outras doenças autoimunes.


Atualmente, que tratamentos existem e como têm evoluído nos últimos anos?


Os tratamentos visam repigmentar a pele e travar a progressão da doença. Entre as opções estão corticosteroides tópicos ou imunomoduladores (como o tacrolímus); fototerapia UVB de banda estreita, que estimula os melanócitos; terapias com inibidores da JAK (mais recentes e promissoras, ainda em avaliação na Europa); e cirurgias de enxerto de melanócitos, em casos selecionados.


Têm efeitos secundários?


Todos os tratamentos têm potenciais efeitos secundários, pelo que devem ser sempre indicados e acompanhados por um dermatologista.


É preciso esclarecer que o vitiligo não é contagioso.

O vitiligo tem cura?


Atualmente, não existe cura definitiva para o vitiligo. Contudo, é possível controlar a progressão da doença e alcançar uma repigmentação significativa com os tratamentos adequados. A resposta terapêutica varia de pessoa para pessoa.

Qual o impacto emocional que a doença pode ter?


O impacto psicológico pode ser significativo, sobretudo quando as lesões estão em zonas visíveis. O vitiligo pode afetar a autoestima, provocar ansiedade, isolamento social e até depressão. O acompanhamento psicológico é tão importante quanto o tratamento dermatológico.


Como podemos combater o estigma social ainda associado às manchas?


A educação é fundamental. É preciso esclarecer que o vitiligo não é contagioso, não resulta de falta de higiene nem de maus hábitos. Campanhas de sensibilização, representatividade nos media e apoio comunitário ajudam a combater preconceitos e a promover a empatia.


Figuras públicas com vitiligo, como a modelo Winnie Harlow, podem ajudar a mudar mentalidades?


Sem dúvida. Têm um papel poderoso ao desafiar os padrões de beleza convencionais e dar visibilidade à diversidade da pele. São exemplos inspiradores que ajudam a normalizar o vitiligo e a reduzir o estigma.


Sente que a população portuguesa está informada sobre esta doença?


Ainda existe algum desconhecimento. Muitas pessoas não sabem o que é o vitiligo ou acreditam em mitos infundados. No entanto, nota-se um crescente interesse e aceitação, fruto do maior acesso à informação.


Que mitos importa desmistificar?


É essencial reforçar que:


  • O vitiligo não é contagioso;

  • Nem sempre o vitiligo se espalha por todo o corpo. Há pessoas que mantêm a doença estável durante muitos anos, com manchas apenas em algumas zonas;

  • Pode afetar qualquer pessoa, de qualquer idade ou etnia;

  • A ideia de que quem tem vitiligo deve "esconder-se" ou que a doença é "incurável e sem tratamento" também deve ser combatida. O vitiligo tem tratamento, e é importante procurar um dermatologista para encontrar a melhor forma de cuidar da doença e viver com mais confiança.

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