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Agressividade ao volante. Sabe o que é road rage? E como reagir?

  • Foto do escritor: Ana Rita Rebelo
    Ana Rita Rebelo
  • 5 de mai.
  • 4 min de leitura

No Dia Mundial do Trânsito e da Cortesia ao Volante, que se assinala esta segunda-feira, 5 de maio, a hAll procurou perceber melhor este fenómeno.



Trânsito e picardias ao volante estão entre os principais motivos que levam a discussões acaloradas entre os condutores nas estradas, algo que pode resultar num acidente e até em agressões verbais e físicas. Este fenómeno tem um nome: road rage. O que talvez não imagine é que "todas as pessoas podem ter momentos de raiva e de agressividade no trânsito. Basta que o gatilho se ative", como explica Patrícia Câmara, psicanalista e presidente da Sociedade Portuguesa de Psicossomática, em entrevista à hAll, a propósito do  Dia Mundial do Trânsito e da Cortesia ao Volante, que se assinala esta segunda-feira, 5 de maio.


Para que quem anda diariamente na estrada evite estes conflitos, "o ideal é procurar não cair na provocações, nem entrar em pânico, para tentar que não haja uma escalada da situação", sugere.


O que é road rage?


Como o próprio nome indica, é um momento de raiva vivido na estrada. Trata-se de um fenómeno de impulsividade e agressividade. A raiva, não mentalizada, isto é, não pensada, pode

ser agida de múltiplas maneiras, e há muito se sabe que uma delas acontece na condução, quer seja por insultos verbais, gestos agressivos ou rudes, ameaças e, claro, outras ações de maior gravidade, como manobras perigosas ou violência física. Todas estas ações são um risco para a segurança dos outros, claro que umas mais do que outras, mas a verdade é que nunca sabemos qual o grau de ansiedade ou de outro tipo de resposta que uma conduta agressiva causa nas

outras pessoas. Por isso, o ideal seria que conseguíssemos pensar antes de agir o maior número de vezes possível em qualquer caminho que tenhamos de percorrer.


Quem está em risco?


Todas as pessoas podem ter momentos de raiva e de agressividade no trânsito. Basta que o gatilho se ative. Por isso, é natural também que já todos tenhamos sido vítimas da raiva deslocada de alguém. Mas a dimensão destes fenómenos e da violência já não será a mesma para todos. Quem tem mais tendência para a impulsividade corre mais risco de estar em perigo e de fazer com que os outros estejam em risco. E quem vê estes momentos como momentos de força e reposição de justiça poderá ter outro tipo de problemática associada e constituirá uma ameaça grave à segurança rodoviária.


Sabemos que em dias em que estamos mais irritados, mais cansados e com menos disponibilidade interna, corremos o risco de ser mais reativos, mas não é necessário ficarmos hipervigilantes a tudo o que sentimos.

Existem fatores e condições que funcionam como um gatilho?


Os gatilhos são múltiplos e parecem encontrar respaldo numa certa ilusão de proteção carregada de força, o que merece um mergulho psicológico em maior profundidade porque se alia à desumanização dos outros condutores, transeuntes ou ciclistas, ou ainda a um momento em que a ação do outro é interpretada de forma mais paranoide, como se um determinado comportamento tivesse sido seguramente um ato provocatório e isso nos desse o direito de repor agressivamente a justiça. Uma coisa é certa: quando o gatilho dispara é muito importante tentar travá-lo e compreender a sua origem para que a resposta não seja a impulsividade, mas sim uma ação resultante de uma escolha. A pressa, já diz o ditado, não é boa conselheira. Sabemos que em dias em que estamos mais irritados, mais cansados e com menos disponibilidade interna, corremos o risco de ser mais reativos, mas não é necessário ficarmos hipervigilantes a tudo o que sentimos.


Como reagir sendo vítima?


O ideal é procurar não cair na provocações, nem entrar em pânico, para tentar que não haja uma escalada da situação e assegurar medidas de proteção adaptadas ao risco. Os riscos são diferentes se a pessoa que está a ser vitima estiver dentro de um carro, a pé ou em cima de uma bicicleta, mas o importante será tentar não entrar em confronto, afastar-se da área e denunciar a situação à polícia, se necessário.


E quem assiste? Deve ajudar?


Quem está a assistir deverá agir de acordo com a gravidade da situação, mas é sempre importante contribuir para que se evite a escalada da situação e que, se necessário, se alerte as autoridades competentes.


Como tentar manter a calma ao volante?


A ideia de ter de manter a calma, se não for pensada com alguma aceitação da irritação, pode tornar-se ela mesma um fator desencadeante de agressividade.


Sendo assim, o que recomenda?


Talvez o mais importante seja mesmo lembrar que estamos dentro de um carro e que se houver muito trânsito não vale a pena pensar que a buzina vai fazer desaparecer os carros à volta. Pelo contrário, vai aumentar a sensação de irritação em nós e nos outros.


A propósito do Dia Mundial do Trânsito e da Cortesia ao Volante, que mensagem gostaria de partilhar com os leitores da hAll?


A agressividade ao volante, ou melhor, a raiva agida através de um carro, é uma realidade preocupante que pode ter consequências muito graves. Todos os condutores que sintam com frequência esta raiva a tomar conta da sua capacidade de pensar e de conduzir prudentemente podem entendê-la com um sintoma de algo que já não está a correr bem na gestão emocional do dia a dia, pelo que seria importante procurarem ajuda profissional. O mesmo para quem olha para isto como um comportamento aceitável.

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