Crítica. "The Toxic Avenger" é grotesco, absurdo… e surpreendentemente humano
- Ana Rita Rebelo
- 26 de set.
- 2 min de leitura
"The Toxic Avenger" estreou nos cinemas nacionais a 25 de setembro, com distribuição da NOS Audiovisuais.

★★★☆☆
Lloyd Kaufman continua a ser, para muitos cineastas contemporâneos, uma referência incontornável. Pioneiro de uma abordagem que poderíamos chamar de "a arte de fazer muito com pouco", os seus filmes resistem ao tempo. Três décadas depois, continuam a ser vistos com carinho por quem cresceu a vibrar com os excessos e a irreverência da produtora independente Troma. A sua criação mais icónica, "The Toxic Avenger", surgiu em 1984 e deu origem a três sequelas e a uma série televisiva. Agora, o herói mutante regressa aos cinemas portugueses. Mas será que um filme conhecido pelo humor sem limites e pelos efeitos práticos exagerados ainda funciona em 2025?
O reboot de Macon Blair mantém o espírito irreverente do original, mas acrescenta camadas de emoção e um toque contemporâneo. Peter Dinklage interpreta Winston Gooze, um empregado de limpeza cuja vida aparentemente banal é virada do avesso após um acidente com resíduos tóxicos industriais. Ao emergir como o grotesco e verde Toxic Avenger, Winston torna-se um herói improvável e surpreendentemente humano. O elenco secundário é igualmente de salutar: Kevin Bacon surge como um magnata sem escrúpulos e Elijah Wood interpreta um assistente deformado e manager de uma banda.
Embora Blair não tente reproduzir o exagero extremo dos filmes originais, optando por uma abordagem mais humana e emotiva, o filme preserva a essência da saga. A luta de Winston acrescenta profundidade à narrativa e cria momentos de empatia raros em filmes de culto deste tipo. Quando o absurdo regressa, ressoa o espírito dos filmes originais, combinando grotesco e humor com precisão e ritmo.
Os efeitos práticos - quase em vias de extinção no cinema moderno - são outro ponto alto. Mesmo com CGI visível em algumas cenas, o recurso a próteses e maquilhagem transporta o espetador de volta à estética e ao humor grotesco dos anos 80, sem recorrer à mera cópia.
No fundo, The Toxic Avenger é mais do que monstros verdes ou uma vingança radioativa. É um tributo à ousadia do cinema independente, uma celebração do absurdo e da criatividade, e, sobretudo, um convite a rir e a acreditar que até os heróis mais improváveis podem salvar o dia. Um reboot que honra o passado enquanto se assume como uma obra contemporânea, com estilo próprio.
Veja o trailer abaixo:




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