top of page

Doação de sangue. "Cada dádiva é uma promessa de vida"

  • Foto do escritor: Ana Rita Rebelo
    Ana Rita Rebelo
  • 16 de jun.
  • 4 min de leitura

A hAll esteve à conversa com Deolinda Chaves Beça, especialista em medicina geral e familiar.


As reservas de sangue estão estáveis, mas todos os doares são bem-vindos. "Importa criar uma cultura de dádiva regular", disse à hAll Deolinda Chaves Beça, especialista em medicina geral e familiar.


A propósito do Dia Mundial do Dador de Sangue, que se assinalou no passado sábado, 14 de junho, a responsável deixou ainda um apelo: "Se está saudável, entre os 18 e os 65 anos, e pesa mais de 50 quilos, dê sangue. Hoje. Porque alguém, algures, não pode esperar por amanhã".


Como estão as reservas de sangue no país?


Neste momento, as reservas de sangue em Portugal estão, de forma geral, em níveis estáveis, mas é fundamental reforçar uma ideia: importa criar uma cultura de dádiva regular. Quando há campanhas mais intensas, podemos até ter picos que desequilibram a logística, seja ao nível do armazenamento, da gestão de recursos humanos ou da capacidade laboratorial. O essencial é fidelizar dadores, tornar a dádiva parte da rotina solidária dos cidadãos. Trata-se de um recurso

insubstituível e vital, cuja escassez pode significar vidas em risco iminente.


Como é que se consegue, então, mobilizar as pessoas a dar sangue?


Reconhecendo que este gesto de generosidade pode mudar destinos. Deixo uma palavra de profunda gratidão a todos os que doam, de forma regular e silenciosa, parte de si para salvar

desconhecidos, e lanço o apelo: se está saudável, entre os 18 e os 65 anos, e pesa mais de 50 quilos, dê sangue. Hoje. Porque alguém, algures, não pode esperar por amanhã.


A dádiva de sangue, para ser verdadeiramente ética e segura, deve permanecer voluntária, altruísta e gratuita

Quais os meses mais críticos? E como se resolve a carência de sangue?


Os meses de verão, especialmente julho e agosto são, historicamente, os mais críticos. As férias, o calor e o aumento de acidentes contribuem para a quebra acentuada de dádivas, precisamente quando o consumo de sangue se mantém elevado.


Qual o tipo de sangue que, normalmente, tem menos reservas?


O tipo de sangue O negativo, conhecido como "dador universal", é o mais crítico. Pode ser usado em qualquer pessoa, independentemente do seu grupo sanguíneo, o que o torna indispensável em contextos de urgência e emergência. No entanto, apenas cerca de 7% da população portuguesa tem este tipo sanguíneo, o que torna as suas reservas permanentemente vulneráveis.


A dádiva de sangue chegou a ser remunerada. Hoje, é gratuita. Crê que isso possa ser um fator?


A dádiva de sangue, para ser verdadeiramente ética e segura, deve permanecer voluntária, altruísta e gratuita. A remuneração distorce o espírito solidário que deve presidir ao gesto. Transformar a dádiva num ato de generosidade consciente promove a segurança, a confiança e o sentido de missão. O que podemos e devemos "remunerar" simbolicamente é o valor do gesto, reconhecendo e agradecendo a importância do gesto de cada dador.


Se tivesse de indicar uma melhoria no processo de recolha de sangue, qual seria?


Facilitar o acesso à dádiva é talvez o maior desafio. Apostaria fortemente na digitalização do processo com agendamento online intuitivo e integração com apps de saúde e, ainda mais, na descentralização geográfica, através do reforço de unidades móveis e brigadas. Quanto mais próximo e simples for o processo, mais facilmente as pessoas se disponibilizam a doar.


Atualmente, quem está impedido de doar sangue?


Existem critérios clínicos bem definidos, destinados a garantir a segurança do dador e do recetor. Estão temporariamente impedidas, por exemplo, pessoas com infeções recentes, intervenções cirúrgicas recentes, comportamentos de risco acrescido, ou em tratamento medicamentoso específico. Algumas condições são apenas impeditivas durante um período transitório. Os critérios de seleção de dádiva de sangue são numerosos e específicos, por isso, é sempre aconselhável esclarecer dúvidas com os serviços de recolha, que avaliam cada caso com rigor e respeito.


Uma única dádiva pode salvar até três vidas.

Onde é que se pode doar sangue?


É possível doar sangue em unidades hospitalares do Serviço Nacional de Saúde com serviço de imuno-hemoterapia, nos Centros Regionais do Instituto Português do Sangue e da Transplantação (IPST) e em sessões de colheita promovidas por brigadas móveis em escolas, empresas, associações ou juntas de freguesia. A informação sobre locais e horários está disponível no site www.dador.pt e pode ser consultada facilmente.


O que acontece ao sangue doado?


Após a dádiva, o sangue é cuidadosamente analisado, fracionado nos seus principais componentes (glóbulos vermelhos, plaquetas e plasma) e armazenado de acordo com normas de segurança rigorosas. Posteriormente, é distribuído para hospitais e unidades de saúde, onde será utilizado em cirurgias, tratamentos oncológicos, transfusões em doentes crónicos ou situações de trauma grave. Nada é desperdiçado: cada dádiva é uma promessa de vida.


Uma dádiva pode ajudar cerca de quantas pessoas?


Uma única dádiva pode salvar até três vidas. Isto porque os componentes do sangue são

utilizados de forma individualizada, conforme a necessidade clínica de cada doente. Este facto amplifica o poder de um só gesto que, em si, demora apenas cerca de 30 a 45 minutos.


Quais os cuidados a ter antes e depois da dádiva de sangue?


Antes da dádiva, é importante estar bem hidratado, ter feito uma refeição ligeira e ter

descansado bem. Depois da dádiva, recomenda-se repousar alguns minutos, beber

líquidos, não fumar e evitar esforços físicos intensos nas horas seguintes.


Dói?


É mínima e momentânea. Sente-se um ligeiro desconforto na punção, nada comparável ao bem

maior que se está a proporcionar. A dádiva em si dura cerca de 10 minutos, mas o tempo total do processo, incluindo a triagem e o repouso após a colheita, ronda os 30 a 45 minutos. Quanto ao intervalo entre dádivas, e embora possam ser aceites períodos entre dádivas menores, o mais

recomendado é os homens poderem doar de três em três meses, e as mulheres, de quatro em quatro meses, devido às suas características fisiológicas.


Que mitos sobre a doação de sangue importa esclarecer?


Entre os mitos mais persistentes, diria que importa dizer que dar sangue não engorda, não

emagrece, não "vicia" o organismo nem compromete a saúde. Pelo contrário, é seguro, controlado e pode até servir como uma forma de vigilância periódica de alguns parâmetros de saúde do dador.


Comentarios


Ya no es posible comentar esta entrada. Contacta al propietario del sitio para obtener más información.
  • Instagram
  • Facebook
  • LinkedIn
  • YouTube
  • TikTok

© 2025 por hAll

bottom of page