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E quando a queda de cabelo é mais do que uma fase? Um tricologista responde

  • Foto do escritor: Ana Rita Rebelo
    Ana Rita Rebelo
  • 24 de jul.
  • 4 min de leitura

A queda de cabelo não é exclusiva dos meses frios. De causas hormonais à exposição solar, há fatores no verão que a agravam e cuidados simples que ajudam a contrariar o fenómeno.


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O verão traz calor, sol, mar e, muitas vezes, cabelos espalhados pelo chão. Sim, não está sozinho. A queda capilar sazonal é um fenómeno comum, mas nem sempre é motivo de alarme.


Para explicar as causas da queda capilar, perceber o que é normal e o que justifica uma ida ao médico, e ainda apontar formas de a travar ou prevenir, a hAll falou com Augusto Guerreiro, tricologista e especialista em transplante capilar da Clínica LHR.


O cabelo cai porquê?


A queda de cabelo pode ter diversas causas, que vão desde fatores naturais e fisiológicos, até condições médicas ou ambientais. Naturalmente, todos perdemos entre 50 a 100 fios de cabelo por dia como parte do ciclo capilar normal, que inclui três fases: anágena (crescimento), catágena (fim do ciclo) e telógena (queda). Contudo, quando a queda se torna mais intensa ou prolongada, pode estar associada a outras causas. Entre os fatores fisiológicos e hormonais, destacam-se situações como o pós-parto, a menopausa, alterações da tiróide ou mesmo o envelhecimento, que conduz ao afinamento progressivo dos fios. Existem também causas patológicas, como a alopecia androgenética, que é a forma hereditária e mais comum de calvície, especialmente nos homens, embora também afete mulheres. Outras condições incluem o eflúvio telógeno, em que há uma queda difusa do cabelo geralmente provocada por situações de stress, doenças, cirurgia recente, medicação, queda sazonal, dietas muito restritivas ou défices nutricionais como falta de ferro, zinco ou proteínas. Doenças autoimunes como a alopecia areata ou o lúpus, dermatoses do couro cabeludo como a dermatite seborreica ou a psoríase e algumas infeções fúngicas também podem causar queda capilar acentuada. Por outro lado, certos medicamentos - como isotretinoína, anticoagulantes, antidepressivos e fármacos usados em quimioterapia - têm como efeito adverso a queda de cabelo. Há ainda fatores comportamentais e ambientais como o tabagismo, o consumo excessivo de álcool, o stress crónico, a utilização frequente de produtos cosméticos agressivos ou o uso prolongado de extensões capilares (alopecia de tração). Em alguns casos, pode ainda existir uma perturbação compulsiva, como a tricotilomania, em que a própria pessoa arranca os cabelos de forma repetida.


O que é a queda de cabelo sazonal e o que acontece exatamente?


A chamada queda de cabelo sazonal é uma manifestação benigna e transitória de eflúvio telógeno fisiológico. Ocorre habitualmente durante o fim do verão, outono, entre setembro e novembro, embora algumas pessoas a experienciem também na primavera, mas com diferentes causas subjacentes. Este fenómeno está associado à alteração do fotoperíodo – ou seja, da quantidade de luz solar a que estamos expostos – que influencia a produção hormonal, nomeadamente de melatonina e prolactina, interferindo assim no ciclo capilar. Como resultado, há uma transição sincronizada de mais folículos da fase de crescimento para a fase de queda, levando a uma perda de cabelo mais visível. Apesar de poder ser alarmante, esta queda sazonal é perfeitamente normal e reversível, não estando associada a doença.


Em termos de duração, a queda sazonal costuma prolongar-se por um período de quatro a doze semanas, findo o qual o cabelo tende a recuperar naturalmente, sem necessidade de tratamento específico – a não ser que haja outras causas subjacentes.


É igual no homem e na mulher?


Embora este fenómeno ocorra tanto em homens como em mulheres, é mais notado pelas mulheres, uma vez que têm geralmente cabelos mais longos e maior densidade. Nos homens com tendência para calvície hereditária, esta queda pode agravar ou acelerar o processo. 

Quanto tempo dura?


Como é que se manifesta a queda de cabelo no verão?


A queda de cabelo durante o verão é um fenómeno frequente e, embora muitas vezes só se torne evidente no início do outono, começa a desenvolver-se já durante os meses mais quentes. A exposição prolongada ao sol, o contacto com a água salgada do mar ou o cloro da piscina, o aumento da transpiração e as lavagens mais frequentes contribuem para um enfraquecimento do fio e uma agressão do couro cabeludo. Estes fatores podem acelerar a transição do cabelo para a fase telógena - a fase de queda - tornando a perda de cabelo mais visível e acentuada.


O que aconselha para prevenir a queda de cabelo nesta estação?


Ainda que este processo possa ser fisiológico - é conhecido como eflúvio telógeno sazonal - há estratégias eficazes para minimizar os seus efeitos. A proteção solar é fundamental: deve evitar-se a exposição direta e prolongada ao sol, sobretudo nas horas de maior intensidade, e utilizar chapéus ou lenços como barreira física. Após o contacto com o mar ou a piscina, é importante enxaguar bem o cabelo com água doce para remover o sal, o cloro e outros resíduos. Durante esta estação, a escolha de champôs suaves e hidratantes, com pH neutro e eventualmente com filtros UV, pode ajudar a manter o equilíbrio do couro cabeludo. O uso de máscaras capilares ou óleos nutritivos uma ou duas vezes por semana é igualmente benéfico, sobretudo em cabelos compridos, pintados ou descolorados.


Além dos cuidados externos, a nutrição desempenha um papel essencial. Uma alimentação equilibrada, rica em vitaminas A, C, E, biotina, zinco, ferro e proteínas, é indispensável para a saúde capilar. Suplementação de melatonina é também essencial. A hidratação oral adequada também contribui para a vitalidade do couro cabeludo e dos fios. Em pessoas com tendência para queda sazonal mais acentuada, pode ser útil iniciar, sob orientação médica, uma suplementação preventiva com complexos específicos para cabelo e unhas.


E quais os cuidados e dicas práticas a adotar quando a queda de cabelo já está instalada?


Nesses casos, é essencial manter a calma e adotar uma abordagem consistente. Deve evitar-se o uso de produtos agressivos, fontes de calor em excesso ou penteados que provoquem tração. O foco deve estar em cuidar do couro cabeludo com loções estimulantes da microcirculação, reforçar a alimentação e avaliar a necessidade de suplementação específica. Caso a queda se prolongue por mais de dois a três meses, surjam falhas localizadas, sintomas como comichão ou dor, ou haja antecedentes familiares de alopecia, é aconselhável procurar avaliação médica especializada, como um dermatologista ou tricologista.


Quando é que a queda é preocupante?


A queda de cabelo é considerada preocupante quando ultrapassa os 150 fios por dia de forma persistente, quando se notam zonas visíveis de rarefação, placas calvas ou quando há sintomas associados como prurido, inflamação ou descamação. Também deve ser valorizada se surgir após alterações hormonais, doenças sistémicas, dietas extremas ou início de novos medicamentos.

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