MaÍda: visitámos o novo restaurante que traz o espírito das mesas libanesas ao Cais do Sodré
- Ana Rita Rebelo
- 15 de out.
- 3 min de leitura
Dois jovens libaneses trouxeram à Rua da Boavista, em Lisboa, o espírito generoso do Mediterrâneo, onde cada prato é partilha e cada refeição, uma celebração. A hAll foi conhecer o MaÍda, que mistura comida e música num espaço que quer ser mais casa do que restaurante.

MaÍda, em árabe, significa mesa e também banquete. E é esse duplo sentido que dá vida ao novo restaurante do Cais do Sodré, em Lisboa, um espaço onde comer é apenas o ponto de partida. Aqui, dos pratos à música, tudo convida à partilha.
"Em árabe, MaÍda quer dizer tanto 'mesa' como 'banquete'. Para nós, é mais do que um nome - é um símbolo de generosidade, partilha e ligação", explicam os fundadores Anna e Anthony, em entrevista à hAll. "No Líbano, cada mesa é um convite para partilhar - comida, conversa e emoção - e queríamos trazer essa sensação para Lisboa: o calor de um banquete libanês, onde cada prato conta uma história e cada refeição é uma celebração."
Os dois jovens libaneses encontraram na capital portuguesa o lugar certo para celebrar o Mediterrâneo. Ela, designer, com um olhar apurado para o detalhe; ele, com experiência em desenvolvimento de negócios e uma intuição certeira para criar conceitos com alma. Depois de uma passagem por Beirute e pelo Dubai, já haviam lançado juntos o The Happy Salad, um conceito leve e criativo que rapidamente conquistou um público fiel em Lisboa. Agora, com o MaÍda, dão um passo mais ambicioso.

A carta é mediterrânica com raízes libanesas e influências da Síria e Grécia. Os pratos foram pensados para partilhar e comer com as mãos, "sem cerimónias, como se estivéssemos em casa", dizem. Os dips abrem caminho, do hummus com toque de romã (7€) ao gratinado Artichoke & Spinach (10,20€). Seguem-se as saladas Fattoush (11,50€) e Tabbouleh (12,20€), indispensáveis em qualquer mesa libanesa, antes de chegar o Shawarma (17,30€), ideal para dividir, ou o Chicken Breast (15,60€).
Trazer o sabor de casa para Lisboa não foi tarefa simples. "O maior desafio foi manter-nos autênticos, adaptando-nos a uma nova cultura e a um novo paladar", recordam. "Encontrar o tahini certo, o za’atar com o aroma perfeito, ou até a grelha saj ideal levou tempo e paciência. Mas esses desafios obrigaram-nos a ser criativos e ajudaram-nos a criar uma versão da cozinha libanesa que é, ao mesmo tempo, fiel e nova."
Entre os pratos que mais rapidamente se tornaram assinatura estão os saj wraps, "o coração do MaÍda, porque representam as nossas raízes e identidade", e o feta brûlée. Mas há receitas que continuam a definir o espírito da casa, como o Tabbouleh e o Fattoush. "No Líbano, estas saladas estão sempre na mesa. Sem elas, algo fica a faltar. Representam frescura, equilíbrio e tradição - e, para nós, simbolizam casa", acrescentam.
No capítulo das sobremesas, a viagem continua. O Znoud El Set (4,20€), pastel crocante de massa filo com ashta e pistácio, é pura tradição libanesa. Já o Tiramisù (10,20€), servido em doses generosas, "é a nossa ponte com o Ocidente".
"Os portugueses receberam-nos de forma incrível", contam. "São muito recetivos a novos sabores, especialmente quando vêm de um lugar de sinceridade. Dizem-nos muitas vezes que o MaÍda é diferente, mas ao mesmo tempo familiar, uma experiência nova, mas reconfortante."
Mas a experiência no MaÍda não se resume à comida. A música é parte essencial do seu ADN e uma extensão dos fundadores, que também são DJs. "A música sempre fez parte da nossa vida. Gostamos de dar espaço a DJs apaixonados, mesmo que ainda não sejam conhecidos. O que importa é a vibração certa. Música que cria energia e ligação, que faz as pessoas quererem ficar, conversar e celebrar."
O ambiente acompanha a narrativa. Tons terrosos, azulejos de inspiração mediterrânica e uma mesa comunitária de mosaico, no centro da sala, dão vida a uma estética que é ao mesmo tempo acolhedora e sofisticada. As cores - terracota, verde-azeitona e bege - e a iluminação adaptável ao longo do dia criam uma atmosfera que muda com o ritmo do espaço.

Para quem vive no ritmo acelerado da cidade, há ainda uma janela ao postigo. Este canto grab and go do MaÍda, é cada vez mais popular entre os vizinhos. E há também espaço para celebrações num formato mais recatado. O restaurante organiza jantares privados, com menus personalizados e decoração cuidada, "como se fosse em casa, mas sem o stress de a preparar".
A visão de Anna e Anthony é clara: "Queremos que o MaÍda acompanhe o ritmo das pessoas - desde um café e saj wrap pela manhã, a um brunch com amigos, ou um jantar com música ao cair da noite. Não é apenas um restaurante. É uma experiência que evolui com o humor das pessoas e com a cidade".
Depois do The Happy Salad e do MaÍda, os planos não ficam por aqui. "Estamos sempre a pensar em novos conceitos", deixam no ar.


















