Sim, o apetite muda no verão. Uma nutricionista explica porquê - e o que fazer
- Ana Rita Rebelo
- 1 de ago
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Atualizado: 6 de ago
Será que devemos comer menos? É verdade que algumas frutas "pesam" no estômago? E o que fazer para evitar intoxicações alimentares típicas desta altura? Esclarecemos estas e outras questões com a nutricionista Bárbara Plácido.

No verão, os hábitos alimentares mudam. Os dias mais longos e as temperaturas elevadas alteram não só a nossa rotina como também o apetite, a hidratação e as escolhas alimentares. "A alteração do apetite é perfeitamente normal durante o verão", afirma a nutricionista Bárbara Plácido à hAll, esclarecendo que "o corpo não necessita de produzir tanto calor como no inverno e, assim sendo, há um menor gasto energético".
Esta adaptação natural do organismo leva-nos a procurar refeições mais leves, alimentos mais frescos e a beber mais líquidos. Ou pelo menos, devia. "Refeições leves e de fácil digestão são sempre preferíveis nesta altura do ano, tais como saladas que podem - e devem - incluir legumes frescos, leguminosas, proteínas magras e hidratos de carbono complexos."
É normal sentirmos menos apetite no verão? Temos necessidades alimentares diferentes nesta altura do ano?
A alteração do apetite é perfeitamente normal durante o verão. O corpo não necessita de produzir tanto calor como no inverno e, assim sendo, há um menor gasto energético. A digestão é um mecanismo que também produz calor, logo precisamos de alimentos mais leves e em menor quantidade. Nesta altura do ano devemos ainda ter mais atenção à quantidade de água que ingerimos ao longo do dia para evitar a desidratação. É também importante priorizar o consumo de alimentos ricos em água e evitar alimentos que tenham uma digestão mais difícil, tais como fritos ou molhos processados com gorduras.
Quando é que passa a ser motivo de preocupação?
Se existir uma grande perda de peso significativa e não propositada, cansaço, má disposição, é importante existir uma avaliação médica.
Que cuidados devemos ter com a alimentação no verão?
Devemos ter cuidados relacionados não só com o nosso organismo, mas também relativamente à segurança alimentar. Em primeiro lugar, devemos garantir uma boa hidratação diária e o consumo de alimentos ricos em água. Refeições leves e de fácil digestão são sempre preferíveis nesta altura do ano, tais como saladas que podem - e devem - incluir legumes frescos, leguminosas, proteínas magras e hidratos de carbono complexos, como quinoa, arroz ou massa integrais.
Existem alimentos que ajudam o corpo a lidar melhor com as temperaturas elevadas?
Sim. Alimentos ricos em água ajudam na hidratação e termorregulação. É o caso da melancia, melão, pepino, tomate, sopas frias, água lisa e águas aromatizadas com fruta. Mas atenção: sempre sem açúcar adicionado.
Beber muita água é essencial, mas também podemos hidratar-nos através da alimentação. Nesse sentido, quais os alimentos mais ricos em água?
Vegetais, como o pepino, alface, aipo, rabanete, curgete e tomate; frutas, como melancia, melão, morango, laranja e ananás; bem como sopa e leite.
E há outros alimentos que devemos evitar?
Todos os que exijam uma digestão lenta e complicada, tais como fritos, enchidos e molhos gordurosos. O mesmo vale para alimentos com muito açúcar, como bolos ou refrigerantes, e ainda bebidas alcoólicas em excesso.
O consumo de álcool no verão é comum. Há riscos associados ao consumo de álcool em dias de muito calor?
Sim. O álcool provoca a desidratação, afeta a termorregulação e ainda altera a forma como reagimos a determinadas situações quando consumido em excesso, o que pode acabar por causar algum tipo de acidente. Assim sendo, o consumo de álcool deverá ser sempre com moderação e o ideal será intercalar o seu consumo com água, preferir as bebidas com menor teor alcoólico e energético e manter a ingestão alimentar, não bebendo com o estômago vazio.
Quais os erros mais comuns?
Ingestão de água insuficiente, aumento do consumo de álcool e refrigerantes, consumo de produtos como gelados ou sumos açucarados em excesso, a diminuição do consumo de sopa - reduzindo assim a ingestão de vegetais -, saltar refeições e, entre outros, comer em horários irregulares e atípicos.
Que snacks saudáveis recomenda para dias de praia ou piscina?
Palitos de cenoura, tomates cherry, frutas frescas, frutos oleaginosos como cajus, amêndoas e amendoim ao natural, assim como barrinhas de cereais caseiras.
As saladas são uma boa opção?
São uma excelente opção desde que sejam bem armazenadas e equilibradas a nível nutricional. As saladas são refrescantes, sendo que devem ser sempre compostas por uma fonte de hidratos de carbono, outra de proteína e ainda uma boa fonte de gordura. Desta forma, conseguimos facilmente ter uma refeição prática, completa, equilibrada e rica nutricionalmente.
E quanto aos gelados, há formas de torná-los mais saudáveis?
Sim. Podemos utilizar ingredientes naturais e não adicionar açúcar nestas preparações. Um dos exemplos mais simples que temos é o da banana congelada, que depois de batida num processador de alimentos irá apresentar uma textura semelhante à de um gelado de "compra". Podemos ainda polvilhar com canela ou adicionar um scoop de proteína whey para tornar este gelado mais completo e saciante.
E relativamente à segurança alimentar?
É importante lembrar que temperaturas mais elevadas favorecem a proliferação bacteriana, aumentando o risco de intoxicações alimentares. Além disso, alimentos que exigem temperaturas baixas não devem ser deixados fora do frigorífico durante muito tempo, nomeadamente ovos, iogurtes, queijo, carne, peixe... Em idas à praia, piqueniques e mesmo nas marmitas que levamos para o trabalho, os alimentos devem ser sempre armazenados em sacos térmicos com placas de gelo, de forma a prolongar a baixa temperatura e permitir o consumo das refeições em segurança.
Que cuidados devem ser reforçados com a segurança alimentar no verão?
O calor aumenta a proliferação bacteriana. Assim sendo, há um aumento da ocorrência de intoxicações alimentares nesta altura. Para que estas sejam evitadas, deve existir especial atenção à temperatura e à forma como os alimentos são armazenados e transportados para a praia, piscina ou piqueniques, evitando a exposição solar e/ou ambientes quentes. A utilização de sacos térmicos com placas de gelo é sempre aconselhada, os alimentos devem ser sempre bem cozinhados, deve ser feita uma boa higiene das mãos e os restos da refeição devem ser descartados diretamente no lixo.
Quais os maiores mitos alimentares que costuma ouvir nesta altura do ano?
Que o álcool hidrata como a água, o que é totalmente mito, uma vez que o álcool desidrata. Que a melancia e o melão têm digestão difícil, o que também não é verdade — são, na verdade, excelentes frutas para esta altura do ano.




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